Calcinhas, sutiãs, meias sete oitavos… Elas enlouquecem os homens exibindo a quase nudez de belas modelos em poses sensuais e avassaladoras. No entanto, as fotos para publicidade de lingerie têm destino certo: agradar às mulheres que se interessam pelas peças íntimas e que podem apimentar seus relacionamentos usando-as.
“Compre este espartilho e você será tão sexy e formidável quanto nossas modelos”. Esta é a ideia implícita na maioria dos anúncios desde que “o primeiro Valisére a gente nunca esquece” existe. Se a foto não for pensada com bom gosto e sensibilidade, não vende a peça e, se for apelativa demais, estará mostrando somente o corpo da modelo.
Expert em retratar belas mulheres como símbolo de poder e sedução (sem aquele apelo comum em revistas masculinas) para marcas como Darling, Valisére, Hope, Fruit de La Passion, Arensky e Morisco, o fotógrafo Mauri Granado foi convidado por Fotografe para ensinar os segredos de como fazer fotos de peças íntimas para anúncios e catálogos de maneira chique e vendedora.



P, M ou G?
Desde que o mundo é mundo, a estética sempre elegeu um ideal de beleza para tudo. Em fotografia de lingerie, não podia ser diferente. Na Grécia antiga, por exemplo, as mulheres usavam um corpete que sustentava o busto projetando os seios nus – a “moda” era inspirada em uma deusa da fertilidade. Com o tempo, vieram os corpetes sufocantes, os sutiãs que deixavam os seios empinados e as cintas que escondiam a barriga.
A partir da década de 1980, a cantora Madonna e os seus “sutiãs cone” assinados pelo estilista francês Jean Paul Gaultier influenciaram uma nova postura na qual a mulher tem o poder de sedução e controle sobre o homem. As modelos deixaram de ser volumosas e passaram a ter um corpo mais esguio: “Não vamos pensar em modelos magérrimas, o que não combina com a lingerie atual. Modelos que fotografam roupas íntimas normalmente são mais curvilíneas que as típicas modelos de passarela. Elas devem ser perfeitamente proporcionais, com um look sexy, sutil e saudável. É um gênero que exige uma postura sensual sonhadora e o corpo tem de acompanhar esse estilo”, diz Mauri.
Para o especialista, a ideia principal desse mercado é a de transferência: o trabalho só é bom se despertar desejo na mulher, que irá olhar a foto sentindo que, ao comprar a lingerie, será tão poderosa quanto a modelo. A linha entre moda e glamour é tênue nesse tema, precisa de sutileza e sofisticação, sem sensualidade apelativa.
A calcinha e o sutiã podem ser uma peça chave para um momento especial. Cada modelo pode dizer muito de uma mulher e sua personalidade: se é delicada, extravagante, sexy… É essa a mensagem que precisa ser passada em um trabalho voltado para o mercado de lingerie.
“O fotógrafo deve planejar o trabalho de acordo com a proposta da lingerie, que pode ser de conforto, fetiche ou cotidiano. Na maioria das vezes, a sensualidade sobressai nesse tipo de foto. Procuro deixar o ambiente em perfeita harmonia, usando artifícios como música, incensos e, principalmente, direção de cena. Se não tem clima, não tem clique. Imaginação é uma boa ferramenta. Uma dica é pedir para a modelo imaginar que está em um ambiente confortável”, explica Mauri, que acrescenta: “É preciso traduzir tudo isso como se fosse um conto, uma fantasia. Quem vai interpretá-lo será a mulher ou (por que não?) o homem que irá comprar a roupa íntima para presentear alguém”.


