Loren McIntyre (1917- 2006) nasceu e morreu nos Estados Unidos, mas passou quase 30 anos dessa sua longa existência indo e vindo aos recônditos da Amazônia, fotografando para revistas como National Geographic, Time e Life, entre outras. Uma pequena parte desse extenso material está sendo publicado no livro na floresta, uma tarde, da coleção Fotógrafos Viajantes (Editora Terra Virgem, 2012).
O livro é dividido em duas partes: a primeira, “na floresta”, segundo o editor e publisher Roberto Linsker, “é um desfile ingênuo e aguçado de paisagens e personagens. Ingênuo porque quase 40 anos se passaram e muita Amazônia já nos foi mostrada; aguçado porque Loren teve ousadia e coragem para chegar aonde muitos sequer sonharam ir.”
O texto de Diógenes Moura, curador de fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo, é quase um prefácio para a segunda parte do livro, “uma tarde”: “foram muitas as viagens de McIntyre pelos domínios amazônicos até atingir a fronte da mata, a fronte do rio, os olhos dos índios, o gozo das prostitutas nos seus cubículos de madeira e nada, suas pesquisas ultrapassaram os limites da fotografia para aproximá-la da literatura”.
McIntyre atuou na marinha do Peru e se aposentou com a patente de capitão. Estudou Etnologia em Lima, a capital peruana, onde também aperfeiçoou conhecimentos das línguas espanhola e portuguesa.
Em 1971, descobriu a nascente mais distante do Amazonas durante uma expedição organizada pela National Geographic Society. Batizada de Laguna McIntyre, o local se encontra nas encostas dos Andes peruanos.



Garimpo de imagens
Linsker entrou em contato com o fotógrafo em 1998, quando ele já tinha 81 anos. Mas somente em março de 2010 foi até o Maine, nos Estados Unidos, visitar Scott McIntyre, filho de Loren, e selecionar imagens para um livro. Sem ter um assunto específico, mergulhou nos arquivos para desvendar caixas e mais caixas de cromos. Depois de olhar mais de 30 mil imagens, escolheu a Amazônia como tema do livro e trouxe 230 cromos originais na mala para o Brasil.
As 49 imagens do livro, em formato pocket, são retratos de colonos, índios, garimpeiros e prostitutas. São deliberadamente compostos com precisão e intimidade, argumentos de quem tem noção exata do que faz.
Ao mesmo tempo, é interessante notar como sua estética sobreviveu e se disseminou. É possível encontrar paralelos da sua forma e luz em imagens produzidas pelos também norte-americanos Alex Web e David Alan Harvey – ou pelos brasileiros Luiz Braga e Maurício de Paiva, prova de que o fotógrafo estava avançado em seu tempo tanto como pioneiro quanto na composição das imagens.
A edição precisa de Linsker só colabora para que o conjunto de imagens selecionadas seja muito harmonioso.
Principalmente quando são retratos compartilhados na segunda parte do livro, “uma tarde” em que, aparentemente, prostitutas se relacionam com seus clientes, em pequenos bares, e pessoas se postam na frente das casas de madeira. Difícil também não recordar o excelente documentário de Jorge Bodanzky, Iracema uma Transa Amazônica, realizado em 1976.


