A fotografia nasceu como uma tecnologia. Mas o espírito humano fez dela uma forma de arte, um meio de expressão pessoal, um caminho de autodescobrimento, uma terapia, um passatempo, uma profissão e uma ferramenta de trabalho para várias especialidades, como biologia, medicina, engenharia, trabalho policial etc. Já ouvi referências à fotografia de natureza como “fotografia zoológica” ou “fotografia ambiental”. A denominação que é dada a uma atividade ou a uma coisa define características, significado, abrangência e finalidade. Esses títulos excluem toda uma gama de temas que interessam ao fotógrafo de natureza.
“Fotografia zoológica” sugere uma abordagem científica e biológica de fotos de animais, exclusivamente. Algo técnico e frio, em que os aspectos artísticos e estéticos importam pouco, como se a imagem fosse uma ferramenta para ilustrar manuais de biologia ou o inventário de um jardim zoológico.
“Fotografia ambiental” lembra a documentação de questões ambientais, poluição, destruição de hábitats, desmatamento, degradação do solo, tratamento de água, reciclagem etc. “Fotografia de natureza” é mais abrangente, refere-se a tudo que tem a ver com a natureza, no sentido mais amplo. A expressão, além de permitir uma abertura para a poesia e para a arte, inclui paisagens naturais pouco modificadas pelo homem, plantas, animais, água ou minerais, pessoas nos ambientes naturais ou pouco alterados, os ecossistemas e tudo de que a “fotografia ambiental” também trata.
O tema é de tal amplitude e importância para os seres vivos na Terra que afeta diretamente o bem-estar do homem e sua sobrevivência. Não a existência do planeta – que continuará existindo se a humanidade se destruir. Diante de tão importante questão, é preciso avaliar bem o que se transmite com esse tipo de fotografia, seja em livros, na imprensa ou na internet. Há uma grande responsabilidade sobre como as pessoas veem a natureza por meio dessas imagens, pois o fotógrafo ajuda a influenciar a maneira como toda a sociedade a vê e como vai lidar com as questões ambientais. No Brasil, a ignorância e a indiferença da sociedade civil e do governo por essas questões é evidente, o que apenas reforça essa questão ética de responsabilidade.







Dimensões
A fotografia de natureza tem várias dimensões. Tecnicamente, é muito complexa, pois seus temas incluem desde grandes paisagens até a macrofotografia. Por isso exige equipamento especializado. Tematicamente, refere-se a um universo imenso e demanda conhecimento de assuntos como biomas, espécies e processos ecológicos. Mas também contém um aspecto sutil, abstrato. Ela transmite sensações, emoções e ideias como liberdade, força, poder, soberania, simplicidade, violência, carinho, amor e solidariedade – e muitas vezes o fotógrafo não tem consciência disso.