CARTA AO LEITOR
Tenho dois companheiros fiéis que, enquanto escrevo essas linhas, estão animados aos meus pés, roncando (e como roncam esses pugs!) abaixo da mesa colocada na sala para improvisar um espaço de home office, imposição da quarentena originada pela pandemia. Pepe é meu grande amigo há 11 anos. Petit chegou faz dois para fazer companhia ao Pepe, que havia perdido seu irmão de criação, Manolo, com quem ele convivia desde que nasceu, de ninhada diferente, mas do mesmo criador. É um jovem puguinho infernizando a vida de um veterano pugão – sim, Pepe é enorme, e Petit, como o nome indica, pequeno e atrevido.
Sinceramente, eu e a Paulinha, minha mulher, não sabemos como seria nossa vida sem eles. Dão trabalho, claro, mas recompensam com fidelidade e carinho inigualáveis. E, como a gente, centenas de milhares de lares brasileiros abrigam bichos de estimação. Cães e gatos dominam amplamente, mas já vi porco, roedores diversos, pássaros de vários tipos, iguanas, cobras… Mas, que me perdoem os demais (principalmente os “gateiros”), nada é igual a ter um cachorro. Nesse momento de pandemia, então, eles ajudam demais a aliviar a tensão, o estresse e a ansiedade – que o digam os solitários…
Temos tendência a humanizar cães e gatos e, por mais que você se policie, se vê fazendo isso em casa – na rua eu sou o tutor do Pepe e do Petit, mas, no aconchego do lar, sou é “pai” deles, por mais ridículo que isso possa parecer. Não compactuo com exageros, como fazer festa de aniversário para bicho, com direito a bolo e convidados (ou outras sandices do gênero), mas, se a pessoa quer fazer, que faça, não tenho nada a ver com isso. O fato é que bichos de estimação, já consagrados como pets, movem um mercado imenso, de bilhões, no Brasil e no mundo. É um nicho que está crescendo na fotografia, pois os tutores querem retratos em estúdio, book com a família, cobertura da festa de aniversário… e ainda há o mercado dos criadores, dos canis que investem em concursos e em linhagem genética, das empresas que fabricam ou manufaturam produtos para o setor (de microempreendedor a multinacional), de publicações especializadas…
Por isso, a matéria de capa desta edição é dedicada a esse segmento. A jornalista e fotógrafa Livia Capeli ouviu cinco especialistas do segmento, que falam das peculiaridades de trabalhar com pets. A própria Livia entrou nesse mundo ao produzir um trabalho voluntário para uma associação que cuida de animais abandonados: um calendário com fotos de filhotes de gato. Boa leitura.
Sérgio Branco
Diretor de Redação
branco@europanet.com.br
SUMÁRIO FOTOGRAFE 286
- Flanar em meio à tensão – Gustavo Minas fala de sua trajetória na fotografia de cena de rua e conta como esse nicho vem sendo afetado pela pandemia do novo coronavírus
- O mundo dos pets – Cinco especialistas dão dicas sobre técnicas para captação de imagens em um segmento que tem um mercado enorme no Brasil e só tende a crescer. Saiba mais
- Sujeito revelado – O versátil fotógrafo Tomas Arthuzzi produz imagens nas áreas editorial, publicitária e autoral. Mas tem nos retratos uma vertente da alta qualidade do seu trabalho
- Segredos do Sul – O fotógrafo Renato Machado lança seu primeiro livro com foco em cenários do litoral e das montanhas de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
- Casamento em tempos de pandemia – Profissionais de um dos setores mais afetados pelo novo coronavírus se viram obrigados a repensar as estratégias de trabalho. Veja as soluções encontradas
- Imagens em construção – Com 20 anos de carreira, o especialista Denilson Machado acredita que o segmento de fotografia de arquitetura e interiores é um nicho de mercado ainda pouco explorado