Quando nos referimos a essa comunidade constatamos que, nas casas sem forros, residem sujeitos, homens, mulheres, idosos e crianças, que vivem daquilo que é possível ter. Na fragilidade das casas percebe-se a dureza da luta. Nos rostos das crianças já percebe-se o peso diário de se viver mais ou menos. Na clandestinidade da energia elétrica, da água, e da própria moradia dita irregular os direitos estão violados.
Não pertencentes a lugar algum, invisíveis . Mas de olhares profundos, ignorados, mas com esperança de viver melhor. Clandestinos, ilegítimos ,ilícitos. Afinal o que os excluí? A ausência dos bens materiais, da casa , do esgoto , da energia elétrica , da água encanada ou o esquecimento de que ali em um determinado território seres humanos habitam da melhor forma que conseguem um espaço, considerado inapropriado. Na invisibilidade que vivem, vivem mal. Porém tem vizinho, tem família , tem gente preparando o almoço, saindo para o trabalho, para a escola, tem gente chorando a morte dos seus, tem gente se alegrando com as boas notícias. Tem gente namorando, balançando o filho, amamentando.
Tem gente desejando sair dali, tem gente sem esperança e gente com projetos, tem quem desistiu, mas tem quem persiste. As famílias que vivem na comunidade Vila Maria ainda resistem, com a falta de tudo ou com o mínimo do mínimo.






