O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), programou para o dia 21 de março de 2021 a abertura de uma grande exposição dedicada à fotografia modernista brasileira. A mostra, que ficará em cartaz até o dia 12 de junho, terá como foco as produções de membros do Foto-Cine Clube Bandeirantes de São Paulo.
O movimento fotoclubista desenvolvido na capital paulista é bastante conhecido no Brasil, mas ainda muito pouco abordado pela historiografia nos Estados Unidos e na Europa. A exposição Fotoclubismo: Fotografia Modernista Brasileira, 1946–1964, é a primeira grande exposição em museu da fotografia modernista brasileira fora do Brasil.
A exposição é composta por cerca de 140 fotografias que fazem parte do acervo do MoMA; juntas, elas apresentam a variedade de registros deste grupo, além de fornecer percepções valiosas sobre a estética fotográfica da década de 1950 e reflexões sobre a importância do status do fotógrafo amador hoje. A exposição é organizada pela curadora Sarah Meister e por Dana Ostrander, assistente curatorial do Departamento de Fotografia.



A grande maioria dos associados do Foto-Cine Clube Bandeirante era composta por amadores, que exerciam a atividade fotográfica sem propósito ou afiliação profissional. Eduardo Salvatore, presidente de longa data do clube, era advogado, e a lista de profissões dos sócios incluiu também donos de indústrias, contadores, jornalistas, engenheiros, biólogos e banqueiros.
Os membros do FCCB levavam a sério sua atividade artística, produzindo fotos muitas vezes dinâmicas e inovadoras. Obras como Fotoforma, de Geraldo de Barros, São Paulo (1952– 53), Fachada do Ministério da Educação e Saúde, de Thomaz Farkas, Rio (c. 1945), ou Filigrana, de Gertrudes Altschul (c. 1952), por exemplo, representam algumas experimentações radicais, com processo e forma destacando a descoberta de composições criativas na vida cotidiana.
Os sócios do FCCB registraram a originalidade dos arquitetos modernistas brasileiros, e a sua atenção à abstração como estratégia criativa surgiu ao lado de seus colegas nas áreas do design, da pintura e da literatura. O conjunto dessas obras fornece um contexto interessante para explorar o complexo status do fotógrafo amador, as tendências crescentes de gosto ou julgamento e as dinâmicas locais de raça e gênero.


Além das fotografias, o clube também promovia Concursos Internos e Seminários mensais, nos quais as fotografias eram submetidas à análise dos colegas e discutidas em fóruns públicos e privados. Com isso, os associados se envolviam de forma social e intelectual com o universo da fotografia, garantindo a eles uma oportunidade para exibir e compartilhar seu trabalho com outros sócios e de maneira mais ampla. O salão anual e o Boletim, uma revista mensal publicada pelo FCCB, mostram a amplitude das atividades desenvolvidas pelo clube e destacam as conquistas para o circuito internacional de salões dos quais participaram, incluindo Otto Steinert e seu colegas adeptos da “fotografia subjetiva” na Alemanha, e a Société Française de la Photographie em Paris.
A exposição Fotoclubismo será apresentada em duas partes complementares e entrelaçadas nas galerias: a monográfica e a temática. Cada uma das seis seções da exibição tem uma apresentação monográfica de um fotógrafo: Geraldo De Barros, German Lorca, Gertrudes Altschul, José Yalenti, Marcel Giró e Thomaz Farkas. Essas seções começam e terminam com agrupamentos temáticos que sugerem a amplitude da comunidade fotográfica atuante em São Paulo naquela época e oferecem um contexto adicional das realizações individuais. Cada tema foi extraído dos Concursos Internos mensais realizados no FCCB, que levavam os sócios a fazer registros sobre um determinado tema, muitas vezes premiando o vencedor com reproduções de página inteira ou na capa.
