Essa é uma daquelas fotos que você imagina, planeja e faz de tudo para conseguir realizar, sem ter certeza se irá conseguir de fato. Isso faz parte da fotografia e com certeza de muitas outras atividades em nossa vida profissional e pessoal.⠀
No início de 2017 fiz uma extensa pesquisa para saber se era possível fotografar no Cemitério de Trens do Uyuni, quais ângulos eram possíveis, etc. Para minha surpresa não encontrei nenhuma foto com Via Láctea ou nenhum outro tipo de astrofotografia; nem mesmo meu guia e o operador local não conheciam ninguém que houvesse feito esse tipo de imagem. Fiz o meu planejamento fotográfico com antecedência, escolhi o melhor e dia e horário, montei a operação de forma segura e aguardei 6 meses até a realização da Expedição com os alunos – a expectativa de todos era muito grande.
No dia da foto aconteceram 2 problemas. Primeiro, o motorista errou o cálculo do trajeto. Fazer isso no Uyuni é bem complicado e por isso não consegui passar durante o dia para conferir os melhores ângulos antes de chegar a noite, mas como eu já conhecia bem o local não achei grave. Mais tarde o pneu de um dos carros furou e para trocar pneu no frio de -13oC não foi nada confortável, o tempo ficou apertado e ainda era possível fotografar, mas as decisões teriam que ser tomadas mais rapidamente. Como estava MUITO frio, desci com somente um aluno para checar as possibilidades e decidi por este ângulo.
Preparei todo o grupo com uma proteção contra o frio que aumentava com o passar da noite, montamos tripé e todo o equipamento e finalmente as fotos começaram a surgir no visor – essa sensação de ter uma foto inédita, de conseguir transformar uma cena que até então só habitava o meu imaginário em uma fotografia real foi emocionante demais e extremamente gratificante e deu vontade em partir nesse trem para estrelas.