Comprar pela internet, principalmente em tempos de pandemia, tornou-se um hábito até para consumidores mais conservadores. De acordo com a empresa de segurança digital Compre&Confie, o e-commerce brasileiro faturou R$ 9,4 bilhões no mês de abril de 2020, um aumento de 81% em relação ao mesmo período de 2019.
Números que animam fotógrafos: tanto as grandes marcas quanto os pequenos e médios negócios precisam de imagens com alta qualidade de seus produtos para poder viabilizar as vendas pelo meio digital.
Se por um lado o setor é promissor para quem deseja entrar para o segmento, por outro, clicar produtos para o mercado virtual não é tarefa tão fácil quanto se pensa: é primordial ter agilidade e saber trabalhar com alto fluxo de trabalho, além de dominar técnicas básicas de Photoshop, como recorte de fundos.
Dois especialistas no assunto, Alex Mantesso e Newton Medeiros, alegam que a demanda de trabalho aumentou em 90% no período de pandemia. “Lojas físicas que precisaram fechar as portas por causa da quarentena correram para fazer um site simples em plataforma de e-commerce. Com isso, apareceu trabalho para os fotógrafos que estavam antenados”, diz Medeiros.
Mantesso alerta que quem trabalha ou quer trabalhar com e-commerce precisa, antes de qualquer coisa, conhecer a padronização de tamanho de imagem usada na internet. Ele fotografa para marcas como Caedu, Tupperware e Grupo Boardriders (Billabong, Element, Roxy) e explica que nas redes sociais cada canal tem as próprias diretrizes para publicação de imagens. Para uma postagem no Facebook, o tamanho padrão é de 1.200 x 1.200 pixels; já um post de imagem quadrada no feed do Instagram deve atender ao tamanho 1.080 x 1.080 pixels, mas são valores variáveis conforme a maneira de compartilhamento – confira uma tabela de padronização para cada tipo de postagem em https://bit.ly/2RUI1fT.
Marketplaces e outras plataformas, segundo Medeiros, exigem tamanhos entre 1.200 x 1.200 e 1.600 x 1.600 pixels, porém vai depender de cada cliente – ele lembra que não faz diferença a imagem ter 72 dpi ou 300 dpi, pois a foto será usada em monitor, logo, o que importa é a quantidade de pixels certa.


Fundo branco puro
Outro cuidado fundamental é em relação ao fundo, que deve ser sempre totalmente branco. Os especialistas alertam: não adianta ser “cinzinha”, pois o mercado exige fundo 100% branco, de verdade, visto que na hora de o cliente inserir a foto no site não pode haver diferença entre imagem e fundo da tela. Qualquer resquício de cinza ao fundo vai criar uma borda em volta da foto, e isso significa trabalho a ser refeito.
Embora com menos frequência, alguns clientes podem ainda solicitar imagens em formato .png ou .tif recortado. A dica dos especialistas é considerar isso como serviço extra, cobrando-se para executar o processo de recorte na pós-produção – aliás, o e-commerce demanda habilidade no Photoshop no quesito recorte, limpeza de fundo, clareamento e remoção de marcas do produto.
Quanto à iluminação, o fotógrafo precisa montar um esquema generalista, ou seja, que funcione assertivamente para vender bem qualquer produto. Alex Mantesso comenta que saber iluminar com uma ou duas fontes pode resolver muito bem o trabalho nesse setor.

Também é essencial manter um parâmetro de luz, pois não dá para fotografar a cada hora mudando muito o esquema. O mais indicado é estudar um esquema que agilize o trabalho, pois em e-commerce se ganha por produtividade, já que perda de tempo com iluminação representa menos dinheiro.
Medeiros sugere o uso de um esquema a partir de dois flashes com dois softboxes: um para iluminar o fundo e permitir o resultado 100% branco e o outro para iluminar o produto de maneira difusa (veja sugestão do esquema na página xx). Vale acrescentar à lista de acessórios uma cabana difusora profissional e alguns pequenos rebatedores.
A produção pode ser desenvolvida em cima de uma mesa feita com dois cavaletes e uma placa de madeira; o fundo fica por conta de uma fórmica fosca ou um laminado pet. “Um segredo para fotos mais sofisticadas é usar placas de vidro como base do produto. Em combinação com uma luz colocada por baixo do vidro, o efeito é de levitação”, diz Newton.



Em caso de fotos com modelos, caso dos lookbooks (categoria que também faz parte do universo e-commerce), os especialistas indicam o uso de fundo branco de papel, não recomendando em hipótese alguma fundos de TNT. Já o equipamento, por se tratar de imagens para internet, não precisa ter alta resolução – uma câmera com sensor bem limpo é o que basta. Para um iniciante no ramo, a sugestão de Medeiros é começar com um espaço de trabalho de pelo menos 2,5 x 3 metros para produtos pequenos e médios.