Quando um casal decide realizar um ensaio com um fotógrafo profissional, surge sempre a questão: “Onde fazer as imagens?”. A locação normalmente é fator determinante para dar rumo ao trabalho, pois o ideal é encontrar um lugar que encante, fuja do tradicional e traduza um pouco da história de vida dos clientes. Como nem sempre isso é possível, a saída para o fotógrafo é usar a criatividade, algo que Guido Santuci, especialista no assunto, exercita a cada sessão para a qual é contratado.
Santuci, 33 anos, que nasceu e atua em Araçatuba (SP), diz que o segredo está em buscar novas perspectivas em locações comuns, como as ruas da cidade, casinhas charmosas, pontes e até no meio do mato. “Tudo para tentar produzir retratos únicos que tentem traduzir a essência de cada casal”, explica o ex-gerente administrativo, um fotógrafo autodidata que entrou no mercado profissional em 2015.



Olhar atento para descobertas
Ele lembra que algumas cidades do interior (e isso vale para qualquer Estado) oferecem locações interessantes que a maioria das pessoas não valoriza na correria do dia a dia. Segundo ele, basta rodar alguns quilômetros de estrada longe dos grandes centros urbanos para encontrar cenários atraentes para sessões de book de casais. “Explore sua região com um olhar mais atento e avalie as possibilidades. O primeiro passo é começar quebrando o paradigma de que cidades pequenas e interioranas são sem graça”, sugere o fotógrafo.
A região de Araçatuba (SP), por exemplo, mescla áreas urbanas com rurais, além de ser agraciada com águas limpas do Rio Tietê e de esconder pequenos tesouros em cidadezinhas ao redor. Cita o distrito de Varpa, em Tupã (SP), distante 120 km de Araçatuba, como uma locação bastante explorada por ele, já que é rico em cenários para produzir ensaios com casais: tem construções que remontam à arquitetura europeia, assim como cachoeiras e trilhas atraentes. “O ponto crucial é o fotógrafo aprender a perceber o encanto nas coisas simples, sair em busca de lugares diferentes e pesquisar no Google locações que podem ser interessantes. Eu mesmo passei a conhecer muitas regiões por meio da fotografia”, afirma.
O especialista não se limita à sua região: também explora cenários em cidades como Brotas (SP), Piracicaba (SP), São Pedro (SP) e Costa Rica (MS), município onde está o Parque Natural Municipal Salto do Sucuriú. Também vai até praias dos litorais paulista e fluminense, pois, para ele, o segundo ponto de sucesso no segmento é procurar sempre ligar a locação com o perfil do casal.
Para definir isso, Santuci faz algumas reuniões e entrevistas com os clientes com o objetivo de elaborar uma pauta, ponto de partida para traçar o roteiro dos lugares que podem servir de cenário para a sessão. Segundo ele, o perfil básico precisa ter as seguintes informações: onde eles se conheceram, qual a profissão de cada um, o tipo de música de que gostam e os hobbies. Isso já ajuda no direcionamento do processo criativo.
Quando tem de produzir ensaios em locações mais distantes da região em que mora, ele diz que não costuma cobrar nenhuma taxa extra dos clientes, além dos gastos normais de deslocamento. Segundo o fotógrafo, essa atitude transmite transparência e honestidade, o que ajuda a “ganhar” o casal.



Trabalhar a luz é fundamental
A terceira etapa para obter sucesso num ensaio de casal, segundo Santuci, é sair de casa com algumas ideias construídas. Se você vai a uma locação pela primeira vez, por exemplo, use o tempo em que os clientes estão fazendo maquiagem ou trocando o figurino para explorar a locação, checar a incidência da luz e buscar na paisagem linhas e formas geométricas que possam encaixar o casal no quadro do visor.
Guido Santuci costuma explorar a famosa Golden Hour, um pouco antes do pôr do sol, quando a luz do dia ganha tonalidades mais avermelhadas e com mais suavidade do que quando o Sol está mais alto no céu. “Começo a fotografar logo após as 15h e sigo até a luz da hora mágica do poente, chegando ao anoitecer”, explica. Ele prefere trabalhar com um esquema de luz padrão, que envolve a iluminação solar em conjunto com a artificial.
Para essa finalidade, ele usa um Magmod (acessório para flash compacto acoplado a um Godox AD-200) atrás do casal para ter luz de recorte e uma tocha Godox AD 600 de frente, em ângulo de 45 graus, de cima para baixo, como luz principal – quem o ajuda na assistência é a esposa, Camila Santuci, também fotógrafa, que faz o posicionamento da tocha com um monopé. Para fotografar, ele usa uma DSLR Nikon D750 com as lentes Sigma Art 35 mm f/1.4, Nikkor 85 mm f/1.8 e Tokina 16-28 mm f/2.8, além de uma Canon EOS Mark III com a lente Canon 135 mm f/2.
Antes do ensaio, o especialista passa um briefing para o casal sobre o que levar para a produção. Normalmente, ele indica três opções de troca de roupa, com base na locação e nas cores do lugar. Outro item importante é ter elementos que fazem parte da história de vida dos clientes, como um pet (cachorro ou gato), um carro, uma bicicleta, um instrumento musical…
Ao sair para fotografar, Santuci leva sempre baterias extras, uma pequena escada para um ponto de vista mais alto, um rebatedor 5 em 1 (para filtrar ou rebater a luz e mesmo para ele deitar em cima, quando necessário), lanternas, roupa para trocar, toalha para o caso de entrar em rio ou lago, saco plástico para proteger a câmera, repelente e protetor solar. Também não faltam água e alimentação não perecível para um lanche rápido.


Feito o book de casal, Guido Santuci descarrega as imagens, primeiramente no Lightroom,
com presets próprios para a pós-produção, e, em seguida, edita no Photoshop usando plugins como Nik Collection e o Portraiture para tratamento de pele. O fotógrafo também oferece curso online sobre dicas de pós-produção, disponível no site www.guidosantuci.com.br ou no Instagram @guidosantuci.