Quando, em 2012, o fotógrafo americano Greg Anderson ficou sabendo que Las Vegas, onde morava, tinha acabado de sediar nada menos que um Campeonato Nacional de Barbas e Bigodes, não pensou duas vezes: “Consegui o contato da produção do evento e perguntei se ainda havia participantes na cidade interessados em vir até o meu estúdio para fazer um ensaio”, relembra.
O concurso, que, como o nome sugere, reúne o que há de mais excêntrico entre barbudos e bigodudos nos Estados Unidos, era tudo o que ele queria. Mas, ainda não foi daquela vez que ele teve a chance de fotografar os participantes. “Os produtores me informaram que todos os competidores tinham voltado para casa, mas disseram que eu poderia retratar quem quisesse na edição do ano seguinte, que aconteceria em Nova Orleans. Em 2013, me organizei e fui até o campeonato por conta própria”, lembra ele, que naquela época era profissional havia pouco mais de cinco anos e constatara sua grande paixão no ofício: “Sempre amei fazer retratos de pessoas que encontrava nas ruas”.
Da primeira experiência, o fotógrafo se recorda de chegar à competição e dar de cara com um rapaz que tentava, freneticamente, solucionar um cubo mágico. “Ele parou o que fazia, olhou para a minha cara e disse: ‘Você provavelmente quer que eu enfie meu dedo no nariz para tirar essa foto, não quer?’. Concordei e ele assim o fez até que eu conseguisse o clique perfeito”, diverte-se. Anderson pegou gosto pela coisa e o campeonato acabou se tornando um compromisso anual. Há sete anos o que não falta é personagem. excêntrico em seu portfólio.


A magia do retrato
Para Greg Anderson, de 44 anos e 15 de profissão, os bons retratos estão invariavelmente relacionados à conexão estabelecida entre fotógrafo e modelo. “Tem a ver com o que o fotógrafo quer dizer sobre a pessoa que está à frente da câmera ou com o que ele quer que saibam sobre aquela pessoa”, acrescenta.
Ele diz que o momento perfeito é quando todos os aspectos de um retrato convergem: a luz correta, a expressão, a composição, a distância focal, o ângulo, os adereços… “É quando a mágica acontece”, diz. Boas referências também ajudam. No caso do americano, elas incluem nomes como o canadense Yousuf Karsh (1908-2002), o alemão Martin Schoeller e os americanos Mark Seliger, Annie Leibovitz e Dan Winters.
Nascido em Las Vegas, a vontade de fotografar veio aos 23 anos, quando se mudou para Nova York. “Fiquei inspirado por tudo o que acontecia à minha volta. Comecei a carregar minha primeira câmera, uma Contax RTS com lentes Carl Zeiss de 35 mm, que meu tio encontrou no banco de trás do táxi dele, para fotografar todos os lugares aonde ia”, recorda.
Algum tempo depois, conseguiu um emprego em um laboratório de processamento de filmes e passou a frequentar aulas no famoso International Center of Photography (ICP), em Manhattan. Um dos professores o chamou para trabalhar como assistente em seu estúdio. “Foi minha introdução ao universo da fotografia profissional”, afirma.



Preferência pela luminosa 50 mm
Anderson voltou a morar em Las Vegas e ganha a vida com a fotografia comercial, especialmente dentro dos gêneros retrato e lifestyle. Como instrumentos de trabalho, usa uma Canon EOS 5D Mark IV e um jogo completo de lentes fixas da marca. “Mas, se fosse para escolher uma só para fotografar pelo resto da vida, seria a 50 mm f/1.2”, pontua. Softwares como Capture One e Photoshop entram no pós-produção caso algum ajuste seja necessário.
Na hora de divulgar seu trabalho, o fotógrafo diz usar principalmente o Instagram. No caso do Campeonato Nacional de Barbas e Bigodes, utiliza também o Facebook, para que os próprios participantes possam curtir, compartilhar e mesmo salvar as imagens que quiserem.
Mas, de todos os retratos que já fez, o preferido de Greg Anderson não está em nenhuma rede social, tampouco enquadra uma barba ou bigode extravagante. Fica guardado a sete chaves: “É uma foto que tirei dos meus filhos durante as férias que passamos na costa da Califórnia, em 2017. Na minha vida, é uma imagem que representa um tempo e um lugar com perfeição”, ressalta.


