Marco Antonio Perna é o que se pode chamar de “pé de valsa”. Apaixonado por dança de salão, esse carioca da gema, nascido em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro (RJ), há 54 anos, aprendeu a fotografar justamente para registrar os bailes dos quais participava. Tornou-se um craque na área e dediciu se arriscar em outro segmento: passou a fazer ensaios sensuais com mulheres. Depois de três anos, montou um portfólio transformado em livro, Female Sculptures, em que aposta no estilo low key em P&B para mostrar suas imagens de nu artístico.
O fotógrafo conta que o primeiro ensaio foi com uma dançarina de dança do ventre e, a partir daí, entrou em grupos de redes sociais em que modelos iniciantes fazem permuta de portfólio com fotógrafos. “O método de convencimento nesses grupos é mostrar o portfólio. Elas avaliam e as que gostam respondem à chamada para posar”, explica.
Para quem quer começar no segmento, ele diz que é normal não ter portfólio de nu. O caminho que ele encontrou foi fazer imagens na praia com mulheres de biquíni. “A partir das fotos de praia montei meu portfólio de sensualidade. Foi o primeiro passo para a fotografia de nu artístico”, ensina. O que o fotógrafo percebe é que atualmente várias modelos buscam a fotografia sensual como forma de empoderamento feminino, ou seja, tomam a decisão de mostrar o corpo nu sem pedir licença a ninguém.


Uma fonte de luz de cada lado
As imagens do trabalho Female Sculptures foram feitas em diversos locais com esquema de estúdio, explica Marco Antonio Perna. Inicialmente, diz que era apenas um aprendizado numa temática “de que todo fotógrafo gosta”. À medida que o conhecimento crescia, percebeu que estava montando um portfólio respeitável sobre o tema e, em dado momento, o trabalho poderia ser editado em formato de livro.
O fotógrafo conta que o esquema de iluminação foi um processo lento de escolha de direcionamento de luz. “Basicamente, a luz da maioria das fotos é uma fonte de cada lado da modelo, em ângulos e alturas diversas. Cerca da metade delas foram com flash sem modificador de luz. Posteriormente, descobri que podia obter o mesmo efeito com lâmpadas LED, embora a imagem não fique praticamente pronta na câmera como a feita com flash. Mas a facilidade do LED compensa muito”, afirma.
Apesar de gostar do efeito que uma fonte de luz dá no estilo low key (em que predomina o tom escuro e o alto contraste), ele usou duas fontes, o que foi um desafio. “Do início dos primeiros testes até a finalização do livro foram cerca de dois anos e meio”, informa Perna, fã confesso do trabalho do fotógrafo russo Anton Belovodchenko, sua principal referência. “As poses dos ensaios que ele faz remetiam ao meu subconsciente de dança. Resolvi fazer fotos daquele jeito. Logo percebi que não tinha ginastas russas nem estúdio grande nem verba para grandes esquemas”, brinca.

Poses introspectivas
Marco Antonio Perna comenta que cada mulher é um caso particular nos ensaios e que os corpos são diferentes em todos os sentidos. “Algumas se adaptam melhor em algumas poses, outras em outras. Uma das modelos tinha uma elasticidade nata. Várias delas eram frequentadoras assíduas de academia de ginástica, mas não eram ginastas”, garante. O estilo de pose escolhido, mais introspectivo na maioria, foi algo natural, contudo, depois ele percebeu que sua experiência com dança influenciou bastante na direção de cena.
Algo que ele aprendeu durante as sessões de fotos é que o comportamento das modelos também é muito diferente. “Algumas vinham para a sessão como se estivessem numa praia de nudismo, em outras dava para notar que havia alguma tensão. O que facilitou muito foi que várias posavam com frequência para ensaios de nu artístico, mas em outro estilo”, conta.
Ele faz questão de frisar que todas as fotos foram aprovadas em comum acordo. “Envio a imagem para a modelo aprovar. Tenho que gostar e ela também. Apenas duas preferiram não divulgar as fotos”, diz Marco Antonio Perna, que continua trabalhando como analista de sistemas (é funcionário público) e fazendo suas fotos de dança, “em bailes ou shows à noite ou no fim de semana, menos balé”, informa.


