Ela tem estilo, alta qualidade de imagem e preço elevado. A nova GFX 100 amplia a linha de mirrorless médio formato da Fujifilm, aprimorando em quase todos os aspectos a família iniciada em 2016 com a GFX 50S – a começar pela definição de imagem, de 100 MP. Anunciada na Photokina de 2018, a GFX 100 chegou recentemente ao mercado mirando o fotógrafo profissional de moda, publicidade e outros segmentos que justifiquem o alto investimento de
US$ 10 mil, apenas o corpo. O valor mostra que ela deve ocupar um espaço ainda pouco explorado pela indústria, buscando compradores de duas áreas: o preço é mais do que o dobro pago nas melhores câmeras full frame da atualidade, mas também é metade do valor cobrado pelas concorrentes médio formato da Leica ou da Hasselblad.
Um dos destaques é o amplo sensor retroiluminado com dimensões de 43,8 x 32,9 mm, área quatro vezes maior do que o sensor APS-C e 1,7x do que o padrão 35 mm. Essa ampliação física, além de acomodar mais fotodiodos que permitem a definição de 100 MP, deve aprimorar também a qualidade de imagem, especialmente o alcance dinâmico, aproveitando melhor a luz tanto em fotografia quanto em vídeo – a câmera possibilita gravar em 4K e full HD, com compactação 4:2:2 10 bits (via saída HDMI).

Corpo amplo e visor de alta definição
O corpo da nova mirrorless é amplo e tem uma empunhadura confortável também para retrato, com grip integrado ao corpo e controles duplicados na posição vertical. Construída sobre um chassi de liga de magnésio, tem 95 pontos de vedação e um sistema que a Fuji chama de “estrutura dupla”, no qual os componentes de captação de imagem são isolados da estrutura externa de proteção, o que amplia a resistência e a confiabilidade do equipamento. Como nas outras câmeras da marca, o armazenamento é feito com cartões de memória padrão SD/SDHC/SDXC: há duas entradas laterais e suporte para cartões com protocolo UHS-II.
Com espaço para duas baterias NP-T125 (mesmo modelo usado pela GFX 50S) e um peso total de 1,4 kg (com bateria e cartão), a ergonomia da GFX 100 assemelha-se à das DSLRs top de linha, como a Nikon D5 ou a Canon EOS-1D X II, mas tem um perfil mais estreito, já que é uma mirrorless. A carga útil chega a 400 disparos por bateria, o que resulta em cerca de 3 horas de filmagem 4K e 4 horas de vídeo em full HD – é possível usar a câmera com uma ou duas baterias, sendo que o abastecimento de energia pode ser feito com carregador ou pela porta USB-C. A câmera também traz conexões micro-HDMI e para microfone e fone de ouvido externos, além de Wi-Fi (no padrão 802.11ac) e Bluetooth.
O visor eletrônico OLED oferece 5,76 MP de definição, uma melhoria significativa em relação ao visor da 50S, que tem 3,69 MP. E, como na irmã menor, o visor eletrônico é removível, deixando o conjunto um tanto mais portátil. Ao desconectar o visor, o topo do corpo revela um encaixe para flash externo (o visor também traz uma conexão hot shoe no topo e, na lateral do corpo, há uma conexão PC para flash externo).
É possível ainda acoplar o adaptador EVF-TL1 (vendido à parte), que permite inclinar o visor para cima em ângulo de até 90o e movimentá-lo cerca de 45 graus para cada lado.

Ótimos recursos
Comparada aos modelos GFX 50S e 50R, um dos avanços da GFX 100, além da resolução, é o recurso de estabilização de imagem na própria câmera (IBIS, In Body Image Stabilization). Segundo a Fuji, o projeto herda parte do recurso usado na X-H1 (avaliada na edição 266 de Fotografe) e deve estabilizar até 5,5 pontos de exposição, uma das maiores taxas já feitas pela indústria até hoje – fica atrás de modelos recentes do sistema Micro Quatro Terços, como a Olympus OM-D E-M1X, que tem um sensor bem menor. Ainda assim, o avanço da GFX 100 é bem significativo, já que câmeras de médio formato geralmente são projetadas para uso em estúdio e estabilizadas em tripé ou com iluminação controlada. Com a função IBIS, a GFX 100 amplia bastante as possibilidades de uso.
Outro avanço em relação à linha GFX é o recurso de foco por detecção de fase feito diretamente no sensor, com cobertura de quase todo o quadro e reconhecimento de face e olhos. O sistema aprimora a focalização, especialmente quando são usadas objetivas com firmware atualizado. Nesse conjunto, a Fuji afirma que há uma melhora de até 210% na velocidade e na precisão de foco em comparação com a GFX 50R.


Disparo contínuo de 5 ims
O disparo contínuo chega a 5 imagens por segundo em RAW. Nesse ritmo, o buffer tem espaço para 14 exposições em RAW ou 41 em JPEG. A velocidade de obturador vai até 1/4.000s com o obturador mecânico e chega a 1/16.000s com o uso do obturador eletrônico; no modo Bulb, ambos podem fotografar com a cortina aberta durante 60 minutos – ela oferece ainda um intervalômetro para produção de time-lapse ou de bracketing. Tudo é gerido pelo processador X-Processor 4.
Já o modo de vídeo é bem promissor na GFX 100. As opções de gravação em F-Log Rec 2020, perfil de imagem Eterna e a possibilidade de capturar cenas em 4:2:2 10 bits pela saída HDMI mostram que a câmera também foi projetada para o público filmmaker, inclusive pela presença de uma entrada para adaptador de energia para ligá-la à tomada, ampliando a autonomia para uso prolongado. O limite de tempo para filmagem em 4K é de 60 minutos; para 2K, o limite amplia-se para 80 minutos.
Posicionando-se nesse meio de campo – tanto de uso quanto de preço –, a mirrorless de 100 MP da Fujifilm deve atrair olhares de quem quer dar um passo adiante nas reflex ou economizar com o update de uma médio formato e ainda ganhar espaço na bolsa.


