Para o fotógrafo Adriano Carvalho, corpos despidos não são imagens de cunho sexual nem uma afronta à sociedade, mas sim poesia. Foi a partir desse pensamento que nasceu o NuPiauí, projeto autoral que mescla a nudez feminina com cenários naturais do Estado.
A ideia de fazer ensaios de nu surgiu graças à paixão pela arte, em especial esculturas e pinturas que retratam corpos de forma bela e delicada. “Essa é uma das áreas de que mais gosto justamente por ser completamente diferente e desafiadora. Como nunca aprendi a pintar com tinta, vi a possibilidade de pintar com luz”, explica Adriano.
Ele começou a se interessar por fotografia em meados de 2013 por motivos religiosos: documentava festas e rituais umbandistas que frequentava. Foi a partir desse momento que resolveu largar a carreira jurídica (era advogado) para se dedicar por completo à nova área. Hoje, atua como fotógrafo profissional e também como professor de Fotografia em algumas unidades do Senac no Piauí.
O projeto NuPiauí surgiu em 2016, quando ele estudava sobre o estilo da fotografia de nu ao clicar algumas amigas. Foi então que percebeu que existem belas e desconhecidas paisagens em seu Estado natal. Veio então o insight: “por que não unir o corpo humano com a natureza por meio da imagem?”.


Preconceito
Fazer ensaio de nu feminino sempre tem suas dificuldades, admite Adriano Carvalho, e o preconceito ainda é o principal desafio. Os mais conservadores não entendem esse tipo de trabalho, pois para eles há conotação sexual, e outros, mesmo progressistas, acreditam se tratar de algo banal, não uma forma de expressão artística.
Mas ele diz que essas visões mudam quando se descobre a real finalidade dos ensaios. “No início, apenas amigas eram fotografadas. Porém, depois das primeiras imagens publicadas, várias mulheres se interessaram em participar e começaram a enxergar o nu como forma de arte”, explica ele. Muitas dessas mulheres não tinham experiência alguma com fotografia, tornando o ensaio mais difícil e ao mesmo tempo interessante, pois todas as poses eram naturais, e não planejadas.
Nas imagens da série, Adriano busca principalmente equilibrar corpo e natureza numa composição bem equilibrada. Ao identificar os elementos do cenário, o fotógrafo coloca a modelo em um ponto em que não haja disputa pelo protagonismo durante o clique. “Tudo começa pela modelo. Tento criar algo leve e observo muito para que não haja um desequilíbrio entre o corpo e paisagem”, explica o fotógrafo.
Mesmo acreditando que equipamentos são secundários, já que usou um smartphone para algumas capturas, Adriano diz que usou uma mirrorless Fuji X-T1 (com lente 35 mm) e uma DSLR Canon EOS Rebel T3i (com zoom 18–55 mm) para a maior parte do trabalho, que ainda está em andamento. O objetivo é finalizar com material suficiente para editar um livro em dois volumes.


