Empresário da área de marketing, o catarinense Renato Machado, 50 anos, foi inoculado pelo vírus da paixão pela fotografia em 2013, durante uma viagem à Patagônia, tanto a chilena como a argentina. Os cenários deslumbrantes que viu e registrou mudaram sua vida a ponto de ele decidir que fotografar paisagens seria seu grande objetivo dali por diante. Passados sete anos, Machado experimentou uma constante evolução na área, profissionalizou-se e, em maio de 2020, realizou o sonho de lançar o primeiro livro da carreira sobre o tema: Paisagens Secreta – Sul do Brasil.
Renato Machado é mais um antigo leitor que Fotografe teve o privilégio de acompanhar ao longo de anos, de participações nas seções “Revele-se” e “Lição de Casa” à publicação de material na seção “Portfólio do Leitor” (edição 255), culminando com a colaboração, já na condição de especialista, para a matéria sobre fotografia de paisagem da edição 271, ao lado de outros leitores que fizeram o mesmo percurso, como o fluminense Wander Rocha e o brasiliense Jorge Diehl.
Com 124 páginas e 100 imagens selecionadas pelo autor, Paisagens Secretas – Sul do Brasil mostra lugares explorados pelo fotógrafo nos estados do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, divididos em três conjuntos de imagens: cachoeiras, oceanos e montanhas e vales. Segundo Renato Machado, a fotografia é um eterno aprendizado, “sem a rigidez das certezas ou o medo de errar, permite ao artista ser verdadeiramente livre”.
Animado com a empreitada, Renato Machado afirma que esse é o primeiro de uma série que pretende publicar. Também envolvido com a organização de expedições fotográficas, ele espera – como vários outros profissionais da área – o fim da pandemia do novo coronavírus para retomar seus projetos.


Longa exposição e HDR
O uso da técnica de longa exposição, principalmente para capturar movimentos delicados de cachoeiras, ondas e nuvens, e a pós-produção do material em HDR (High Dynamic Range, ou Alto Alcance Dinâmico) são características do trabalho de Machado para equilibrar cenas de alto contraste, obtendo um resultado muito agradável aos olhos – ele lembra que o alcance dinâmico é a capacidade que o sensor da câmera digital tem de captar as altas, médias e baixas luzes de uma cena.
O sistema HDR possibilita que a melhor captação em cada tipo de luz dominante seja mesclada em uma só imagem, eliminando assim a possiblidade de áreas estouradas (superexpostas) ou escurecidas (subexpostas). No caso de Renato Machado, ele gera HDRs sempre de três ou cinco capturas distintas de valores de exposição (EV), segundo a técnica de bracketing (que em algumas câmeras pode ser feita automaticamente). Ou seja, registra a mesma cena com a exposição ideal e depois faz a compensação para -1 e +1 EV ou para -2, -1 e +1, +2 EV, escolha que dependerá da condição de luz que ele encontra no ambiente.


um autorretrato.
Porém, o fotógrafo ensina que é possível simular o HDR a partir de uma única captura em formato RAW. No caso, ele usa como exemplo uma foto em que a exposição ficou mediana, tanto na parte inferior como no céu. Para ele, é preciso um ajuste para dar mais profundidade à cena. Assim, abre a imagem no Lightroom e faz duas cópias adicionais (virtuais). Depois, acessa cada cópia e ajusta a exposição -1 em uma e +1 em outra, passando a ter três imagens com exposições diferentes.
O passo seguinte é selecionar as três fotos via menu “Biblioteca” do Lightroom e iniciar o processo de juntá-las, acessando Revelação, depois “Mesclar foto > HDR”. “Terminada essa etapa, o fotógrafo pode incrementar o tratamento acessando ajustes como claridade, vibração, cor, sombras e realce”, sugere. Contudo, Machado diz que há outra possibilidade: usar o programa Photomatix Pro, plugin especializado em HDR. “Para mim, é a melhor ferramenta de criação de HDR. As vantagens são os vários perfis de filtros com alguns pré-ajustes que ele oferece”, comenta.
Ele informa que com o Photomatix Pro, além do equilíbrio na luz, é possível atingir muito mais profundidade e cor, escolhendo a melhor combinação de ajustes de acordo com a preferência do fotógrafo. Ou seja, com o software instalado no Lightroom, basta selecionar as três imagens novamente e clicar em
“Exportar > Photomatix Pro”. O programa as processará automaticamente, gerando uma nova imagem em HDR. “Essa dica é para aprimorar a vivacidade da foto ou até salvar aquela captura de campo que não ficou legal”, sugere Machado.