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Sérgio Jorge: mestre de olhar versátil

Vítima da covid-19, o fotógrafo ainda estava na ativa aos 83 anos em Amparo (SP), sua cidade natal, onde era presidente do fotoclube local

Sergio Branco por Sergio Branco
15 de julho de 2022
em Matérias
Sérgio Jorge: mestre de olhar versátil

Foto: Sérgio Jorge

Foi no acanhado Foto Cine Clube de Amparo (SP), em 1952, que Sérgio Jorge, aos 15 anos, descobriu o que desejava ser no futuro. A atração pela fotografia começou pelos olhos e depois atiçou outros sentidos: o olfato, graças ao cheiro dos químicos do laboratório, e o tato, devido ao trabalho manual de revelação e ampliação. A mágica da fotografia na penumbra do laboratório penetrou como um vírus na corrente sanguínea do adolescente. Naquele momento, a família perdia um futuro advogado, profissão do pai que parecia ser o destino do menino, e ganhava meio a contragosto um fotógrafo. Não apena mais um. Um profissional que entraria para a galeria dos grandes nomes da fotografia brasileira. 

Apesar de a trajetória de Sérgio Jorge ter sido marcada pelo fato de ser o primeiro fotógrafo a conquistar o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1961, aos 24 anos, ele fez muito mais do que isso durante a longeva carreira. Não havia assunto que seu olhar versátil não fotografasse, da moda de Denner e Clodovil ao milésimo gol do Pelé; da inauguração de Brasília (DF) às primeiras corridas no Autódromo de Interlagos; da inauguração da estação de pesquisas do Brasil no Polo Sul à construção da rodovia Belém-Brasília; da morte do guerrilheiro Carlos Marighella às vitórias de Eder Jofre no boxe. Foi o expoente de uma geração de ouro nas extintas revistas Manchete e Fatos & Fotos, da Editora Bloch, e depois passou a mestre, adestrando dezenas de aprendizes, como um dos criadores e primeiro diretor do famoso Estúdio Abril – muitos deles são hoje nomes consagrados da fotografia.

O boxeador brasileiro Eder Jofre vence por nocaute o irlandês Johnny Caldwell no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo (SP) Foto: Sérgio Jorge

Elisário de Castro Negrão, fotógrafo dono da Casa Fotográfica em Amparo, foi quem lhe deu o primeiro emprego. Dele se tornou aprendiz para forjar conhecimento técnico e desenvolvimento do olhar. Uniu essas virtudes a um talento natural para captar imagens do cotidiano. Quando sentiu que era o momento, deixou a pequena cidade natal para se aventurar em São Paulo. Com uma recomendação de Negrão, foi bater na porta da redação do jornal O Dia. Saiu de lá com o primeiro emprego.

Esperto, criativo, eficiente e despachado, como deve ser um bom repórter fotográfico, logo foi notado pela concorrência. Recebeu um convite para integrar a equipe dos jornais A Gazeta e A Gazeta Esportiva. Aceitou e deu o primeiro passo importante na carreira.

Havia nele um dom para se colocar como uma espécie de cronista visual, produzindo imagens marcantes em enquadramentos arrojados. Essas características de seu trabalho não passavam despercebidas e logo o jovem Sérgio Jorge ganhou o respeito e a admiração de fotojornalistas paulistanos da velha guarda. Naquele momento, ele era representante de uma nova geração de talentosos fotógrafos que florescia no final dos anos 1950. 

Acima e abaixo, ensaio de moda com o costureiro Clodovil, em começo de carreira, para a Manchete: não havia assunto que Sérgio Jorge não fotografasse
Foto: Sérgio Jorge

Elétrico e com muita energia para gastar graças à juventude, Sérgio Jorge ocupava o tempo livre sugerindo pautas criativas para a famosa revista Manchete, que, primeiro, o requisitou como freelancer e, depois, o contratou. Nesse período, surgiu a história do menino que lutava contra o homem da carrocinha. O sucesso da reportagem fotográfica na Manchete (veja nas páginas seguintes) e o Prêmio Esso de Fotojornalismo o catapultaram para o estrelato. As fotos de Sérgio Jorge foram publicadas em 36 revistas e jornais de várias partes do mundo. 

Das luzes inesperadas do fotojornalismo, Sérgio Jorge migrou para as luzes controladas do estúdio e se consagrou também como fotógrafo publicitário, atendendo a grandes agências e empresas nacionais e multinacionais. Mantém um acervo de cerca de 60 mil fotos que documentam um período de quase seis décadas de transformações sociais,
políticas e culturais do Brasil.

Sérgio Jorge teve o privilégio de acompanhar quase toda a carreira de Pelé: aqui, uma produção especial para a Manchete logo depois que o rei do futebol marcou o milésimo gol, em 1969
Acima, Sérgio Jorge em 2019; abaixo, registro de uma expedição brasileira ao Polo Sul, hoje mais conhecido com Antártica, nos anos 1980
Foto: Sérgio Jorge

E, mesmo com uma história tão rica, somente depois de 64 anos de profissão é que Sérgio Jorge conseguiu lançar, em 2018, o primeiro livro de fotografia, com 150 imagens em P&B. Ele fez campanha na plataforma de financiamento coletivo Catarse e arrecadou bem mais do que a meta. Quem conhece seu trabalho não deixou de colaborar. E foram milhares de fãs.

De volta à cidade natal, continuou na ativa e se reconectou com o Foto Clube de Amparo, onde tudo começou, tornando-se o presidente. Em novembro de 2020, Sérgio Jorge estava às voltas com a organização de mais uma edição da Bienal de Arte Fotográfica P&B, da Confederação Brasileira de Fotografia (Confoto), este ano sediada em Amparo, quando foi acometido pela covid-19. Depois de duas semanas internado, na madrugada do dia 30 veio a triste notícia: o grande mestre havia perdido a luta pela vida aos 83 anos de idade.

O flagrante que recebeu o Prêmio Esso de Jornalismo na categoria Fotografia em 1961. Foto: Sérgio Jorge

O menino e seu cachorro

O laçador, um anônimo funcionário da Prefeitura de São Paulo, olha para a câmera com certo ar sádico. A falta dos dentes da frente na parte superior da boca e as sobrancelhas que se juntam, parecendo uma só, ajudam a reforçar uma imagem diabólica. O vira-lata por ele laçado se contorce em uma tentativa vã de fuga. O menino, dono do cachorro, atraca–se a um pedaço da corda, finca os pés descalços no chão e grita, desesperado, para que o homem da carrocinha não leve o amigo, a quem deu o nome de Piloto.

Do outro lado do visor da câmera, Sérgio Jorge registra a cena, a mais comovente da reportagem que vinha fazendo há três dias sobre a caça de cachorros pelas ruas paulistanas para a revista Manchete, que logo iria às bancas, naquele novembro de 1960. Como o fotógrafo estava familiarizado com os funcionários do setor de Limpeza Pública (hoje Centro de Controle de Zoonoses), o laçador não mostra qualquer constrangimento ao ser flagrado.

Assim, Sérgio Jorge faria toda a sequência da pequena batalha travada em uma rua da Freguesia do Ó, bairro da zona norte de São Paulo. E isso inclui o choro do menino implorando ao algoz de Piloto que não o transformasse em sabão – algo que se acreditava, naquela época, que ocorria com os animais capturados pela temida carrocinha.

O fotógrafo fez toda a sequência da luta do menino com o homem da carrocinha, uma reportagem da revista Manchete que comoveu o Brasil e repercutiu no exterior
Foto: Sérgio Jorge
Foto: Sérgio Jorge

Hoje, tanto tempo depois, converso com Sérgio Jorge sobre o episódio. Ele olha para a foto, sorri, nostálgico, pontuando que aquele foi o primeiro trabalho a receber o Prêmio Esso de Fotografia, em 1961. A premiação, a mais importante do jornalismo brasileiro, existia desde 1955, mas só para textos. Sérgio Jorge inaugurou a era das imagens premiadas com um comovente e clássico flagrante de rua. 

Ele examina a foto pela enésima vez e conclui que o laçador já deve ter morrido e que o menino – ele se esforça, mas não se lembra do nome nem da idade – talvez esteja vivo e ainda morando em São Paulo. Então, revela que a melhor parte da história veio depois que a reportagem foi publicada.

Houve uma grande repercussão no Brasil e no exterior, lembra, pois a matéria da Manchete também saiu em revistas de outros 32 países graças aos acordos que o Grupo Bloch mantinha com editoras estrangeiras. Muita gente enviou doação de roupas para o menino, que, por estar sem sapatos, foi visto como um maltrapilho. 

– Até a Rainha Elizabeth II escreveu para que a Manchete intercedesse e não deixasse que o cachorro fosse sacrificado – assegura.

Como o assunto fez vender muita revista, o próprio Adolfo Bloch, dono da editora, ordenou que o fotógrafo e o repórter Heitor Kowyama, autor do texto, localizassem o menino e fizessem uma suíte, ou seja, a continuação da reportagem, para saber o destino do cachorro. No dia da foto premiada, apenas o fotógrafo estava presente, pois o repórter ficara na redação, adiantando o texto da matéria. 

– Na correria, nem lembrei de pegar o nome do menino – recorda Sérgio Jorge.

Quando voltou à Freguesia do Ó, foi direto para a farmácia Vila Carolina, cujo letreiro aparece no plano de fundo da fotografia, ao lado da Quitanda Tamoio. Procurou o dono da farmácia, o homem de bigode que está ao lado da mulher de braços cruzados observando a cena por ele registrada. Mais fácil do que ele imaginava.

– A casa do menino é ali, ó – apontou o farmacêutico.

Feito o contato com a mãe do garoto, foi explicado a ela o motivo da reportagem. Autorização dada, o menino entrou no carro do Grupo Bloch e foi até o que na época se chamava de Depósito de Animais de Rua, no bairro da Ponte Nova, também zona norte. Muito ansioso, o menino temia que o cachorro já tivesse se transformado em sabão. 

Para acalmá-lo, Sérgio Jorge explicou que aquilo era uma lenda. Não se fazia sabão de cachorros e gatos por lá. O sacrifício dos animais era em uma câmera de gás, mas demorava de uma a duas semanas, tempo para que o dono pudesse tentar reaver o bicho.

Uma vez dentro do depósito, o barulho de latidos era muito grande, rememora  Sérgio Jorge. Atendidos pelo gerente, argumentaram que o menino poderia identificar o cachorro.

 – Pera lá! – disse o homem – Aqui é o contrário. O cachorro é que tem que identificar o dono.

E pediu para que o menino ficasse perto da grade de um cercado onde estavam cerca de 60 cães e chamasse o cachorro dele pelo nome.

– Piloto! Vem, Piloto! Piloto! Aqui, Piloto!

Do meio da matilha, abanando o rabo, surgiu um pequeno cão preto, de patas dianteiras brancas, assim como a faixa na parte de baixo do corpo. Correu para lamber a mão direita do menino, enfiada no vão da grade. Momento que o fotógrafo não conseguiu registrar por causa da escuridão do ambiente (e ele estava sem flash). 

– Foi lindo ver o reencontro. O menino saiu agarrado no cachorrinho, que lambia a cara dele sem parar – conta Sérgio Jorge.

dias depois do flagrante, com o cachorro recuperado e o menino vestindo roupa de domingo para novas fotos em pauta da Manchete – com direito a making of de Sérgio Jorge fotografando o garoto e seu fiel amigo
Foto: Sérgio Jorge
Sérgio Jorge, em foto de 2012, mostra a reportagem da Manchete publicada em novembro de 1960

De volta à Freguesia do Ó, o fotógrafo fez uma série de fotos com o menino, agora mais arrumadinho, de sapatos e roupa de domingo. E, como se esperava, o desfecho da história com final feliz quase dobrou as vendas da revista Manchete.

– É o tipo de história que marca uma época. Hoje, o homem da carrocinha não existe mais. Na maioria das cidades há ONGs de proteção aos animais e que adotam os bichos quando eles são levados para o abrigo da prefeitura. Alguns são resgatados pelos donos, mas ainda há os que ficam e acabam sacrificados, o que é uma pena – comenta Sérgio Jorge.

Surpreendentemente, ele me pede a foto de volta. Acerta os óculos, olha e aponta o dedo para o menino.

– Ele deve ter virado um grande homem. Olha que determinação, que firmeza, que coragem…

E os olhos de veterano fotógrafo ficam cheios d’água.

Matéria publicada originalmente em Fotografe Melhor 292

Tags: FotojornalismoperfilSérgio BrancoSérgio Jorge
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