O trabalho do fotógrafo carioca Marco Weyne, 49 anos, comprova que a paisagem urbana também pode ser vista em detalhes. Com olhar de caçador, ele percorre as ruas da cidade do Rio de Janeiro atento a linhas, formas, grafismos e texturas que mostram um recorte criativo e pouco observado no cotidiano de uma metrópole. Advogado e ex-professor universitário de Direito, Weyne conta que somente há dois anos começou a se dedicar mais seriamente à fotografia, embora o interesse fosse antigo.
Seu primeiro momento como “profissional” foi quando um amigo o indicou para a renomada arquiteta e designer Leila Bittencourt. Assim, Weyne teve uma imagem de sua autoria decorando a parede de um espaço produzido por ela na Casacor Rio de 2019. “Foi muito gratificante ter a oportunidade de ver minha obra junto à de outros artistas em um ambiente lindo”, comenta o fotógrafo.
Essa primeira incursão no mercado de decoração de ambientes rendeu frutos para Weyne. Depois da Casacor Rio, ele passou a vender fotos para arquitetos. “É um mercado que interessa bastante. Tenho um projeto também que é de fazer fotos exclusivas para projetos. A ideia é produzir uma foto dentro do meu estilo para o cliente no ambiente dele”, explica.





Disciplina para sair às ruas
Marco Weyne informa que seu processo de fotografar caçando detalhes na paisagem urbana já se tornou uma rotina. “Ando sempre com a câmera prestando atenção no entorno e saio rigorosamente todos os dias. Esse exercício diário de buscar cenas para fotografar leva cerca de uma hora. É um processo solitário”, diz.
À medida que fotografa, ele avalia o material produzido e nomes de séries vão surgindo, como Résistance, Reflexões, Petits Jardins, Parole, Rio… Como muitos fotógrafos em começo de trajetória, Weyne expõe essas séries nas redes sociais, via Instagram, com o sugestivo nome de @paralelepipedofotos.
O fotógrafo esclarece que não há lugares ou regiões do Rio que prefira para desenvolver esse trabalho de garimpo visual. Segundo ele, em qualquer ponto onde esteja existe algo para ser fotografado. “Além disso, como a cena urbana é muito dinâmica e muda o tempo todo, o mesmo lugar em outro horário, outro dia, já se torna outro cenário”, afirma.



Weyne comenta que seu trabalho tem uma clara influência minimalista e, com isso, existe uma identificação natural com os grandes fotógrafos e artistas minimalistas em geral. Contudo, ele cita a fotógrafa canadense Noëmie Forget (www.noemieforget.com) como alguém que o inspira há muito tempo. Lembra que a fotografia é um hobby desde a juventude, mas que a partir de 2017 é que passou a encarar a atividade de uma forma mais séria: comprou uma DSLR Nikon D5600 e fez um curso de fotografia na escola Ateliê da Imagem, na Urca.
Hoje, ele sai às ruas com a mesma D5600 e apenas uma lente, a telezoom Nikkor 70-300 mm. Um de seus próximos objetivos é conseguir expor sua obra e passar pelo crivo do seu mais severo crítico, o filho Pedro Bem, de 10 anos. “Ele é maravilhoso, mas implacável. Por isso, estou sempre buscando evoluir na fotografia, pois ele me incentiva”, diz Marco Weyne, que foi professor por 20 anos na Universidade Candido Mendes, com passagem como coordenador do curso de Direito na unidade de Ipanema.



E, para quem tem curiosidade sobre seu sobrenome, ele esclarece: “Não tem nada a ver com o John Wayne nem com Bruce Wayne. O sobrenome vem do lado materno, do Ceará”.