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03-2024

Pantanal une os olhares de Lalo de Almeida e Luciano Candisani no Instituto Tomie Ohtake

Dois grandes fotógrafos brasileiros, premiados nacional e internacionalmente, estão unidos por um mesmo tema. Luciano Candisani – documentarista de natureza, vida selvagem, meio ambiente e populações tradicionais – estará ao lado do fotojornalista e também documentarista de meio ambiente Lalo de Almeida na exposição Água Pantanal Fogo, prevista para ser aberta no dia 9 de março no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo (SP), e em cartaz até dia 12 de maio de 2024. A mostra tem curadoria de Eder Chiodetto e reúne imagens dos dois profissionais, além de apresentar mapas, livros, infográficos e uma sala de vídeos para auxiliar a compor um panorama do complexo bioma Pantanal, reconhecido pela Unesco como Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera.

Fogo: macaco bugio carbonizado por incêndio florestal devastador na Fazenda Santa Tereza, em Corumbá (MS)_Lalo de Almeida

O fogo vem das lentes de Lalo de Almeida, que documentou os grandes incêndios que assolaram o Pantanal em 2020, devastando cerca de 26% da área e causando a morte de 17 milhões de animais. São imagens que circularam pelo planeta,  desempenhando um papel crucial ao alertar a sociedade, a comunidade científica, o governo brasileiro e organizações internacionais sobre a gravidade do ocorrido. Parte delas, sobretudo o registro de um bugio ajoelhado e carbonizado, conferiu a Lalo o prestigioso prêmio World Press Photo na categoria “Ambiente”.

Cara a cara com um jacaré do Pantanal na Vazante do Castelo, na alturada Fazenda Barra Mansa. Junho de 2011

Água: a 1,5 metro da câmera, jacaré abre a boca à espera dos cardumes que descem ao sabor da correnteza na vazante do rio_Luciano Candisani

A água faz parte da vida de Luciano Candisani, também um fotógrafo subaquático de reconhecimento internacional e especializado em fotografar ecossistemas ao redor do mundo. A sua visão do Pantanal se expressa em uma série de imagens da água, submersas, terrestres ou aéreas, acompanhando o ciclo de secas e vazantes – trabalho que deu origem ao livro Terra d’Água Pantanal, pela Editora Vento Leste. São fotografias caracterizadas por uma rara combinação de excelência técnica e expressividade, produzidas em condições difíceis durante as cheias pantaneiras.

Fogo: incêndio florestal devastador na Fazenda Santa Tereza, região da Serra do Amolar, em 2020_Lalo de Almeida

Segundo Eder Chiodetto,  ambos os fotógrafos são cronistas visuais que frequentemente buscam parcerias com cientistas e pesquisadores. Para obter o resultado exposto na mostra, criam logísticas complexas e se expõem a vários tipos de perigo. “É em trabalhos como esses, que aliam idealismo, paixão e militância, que a fotografia alcança seu ápice, tornando-se uma janela aberta a revelar as idiossincrasias e o sublime do mundo”, avalia Chiodetto.

Água: pantaneiro de pé sobre canoa, visto de dentro d’água, no Pantanal da Nhecolândia (MS), em 2011_Luciano Candisani

Lalo de Almeida estudou fotografia no Istituto Europeo di Design em Milão, na Itália. Como fotojornalista e  documentarista, colabora há 30 anos com o jornal Folha de S.Paulo, produzindo reportagens visuais e narrativas multimídia sobre temas como meio ambiente e desigualdades sociais. Entre outras, suas imagens integram as séries de reportagens “A batalha de Belo Monte” (2013), “Um mundo de muros” (2017), “Crise do clima” (2018) e “Desigualdade global”(2019), todas ganhadoras de prêmios internacionais.  

Fogo: veado morto sobre pasto queimado próximo à Fazenda São Francisco do Perigara, em Barão de Melgaço (MT_Lalo de Almeida)

Em 2021, sua série de fotografias “Pantanal em chamas”, publicada pelo mesmo jornal ao longo de 2020, ganhou o World Press Photo, principal premiação do fotojornalismo internacional, na categoria Meio Ambiente. No ano seguinte, 2021, foi eleito o fotógrafo ibero-americano do ano pelo Pictures of the Year (POY) Latam, concurso dedicado à fotografia documental na América Latina. Paralelamente, vem desenvolvendo, desde o início da carreira, trabalhos independentes de documentação fotográfica, como o projeto Distopia amazônica, que retrata a destruição da floresta em ações de desmatamento, incêndios, mineração e a invasão de terras indígenas. O trabalho recebeu o Eugene Smith Grant in Humanistic Photography e foi o vencedor global, na categoria Projetos de Longo Prazo, do World Press Photo 2022.

Água: vazante do Mangabal, no Pantanal da Nhecolândia (MS), em março 2011, uma das maiores cheias já registradas_Luciano Candisani

Luciano Candisani aprendeu a fotografar debaixo d’água sozinho, na adolescência, no litoral norte de São Paulo, motivado por sua ligação com o mar. Mais tarde, estudante e estagiário no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, produziu suas primeiras reportagens fotográficas ao integrar expedições científicas à Antártica e à Patagônia. Colaborador da revista National Geographic desde 2000, seus ensaios visuais sobre ecossistemas e culturas tradicionais ao redor do mundo, que circulam em veículos especializados e compõem exposições no Brasil e no exterior, são movidos pelo desejo de mostrar os grandes espaços naturais remanescentes e alertar para a urgência de salvaguardar territórios e culturas em risco.

Fogo: brigadistas voluntários avaliam incêndio florestal na Fazenda Jofre Velho, em  Porto Jofre (MT)

No Pantanal, fez trabalhos de repercussão internacional, como a reportagem “Into the Mouth of the Caiman”, ganhadora do Wildlife Photographer of the Year, um dos prêmios mais importantes da fotografia de natureza e vida selvagem mundial, concedido pelo Museu de História Natural de Londres. Expôs as imagens do ensaio Haenyeo, mulheres do mar,sobre mergulhadoras anciãs da ilha de Jeju, na Coreia do Sul,no Museu da Imagem e do Som (MIS), em São Paulo, em 2019.

Água: no subsolo calcário do rio surge um olho-d’água, um dos muitos que nascem nos planaltos e abastecem o Pantanal

Serviço: A exposiçãoÁgua Pantanal Fogotem patrocínio do Itaú e da CSN

e será aberta ao público no dia 9 de março, às 11h; ficará em cartaz até 12 de maio de 2024, de terça a domingo, das 11h às 19h, com entrada franca no no Instituto Tomie Ohtake, à  Rua Coropé, 88, Pinheiros, São Paulo (SP). Mais informações: www.institutotomieohtake.org.br

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